Fotografia & Cinema
Thomaz Farkas

Thomaz Jorge Farkas nasceu em Budapeste, Hungria, no dia 17 de outubro de 1924. e radicou-se em São Paulo desde os seis anos de idade. Formou-se Engenheiro Mecânico e Eletricista pela Politécnica da USP, mas nunca exerceu a profissão, preferindo dividir-se entre as atividades comerciais e os documentários de cunho social.

Doutorou-se pela Escola de Comunicações e Artes - ECA, da USP.

   
   

Farkas começou na fotografia como empresário do ramo, já que a sua família era proprietária de uma organização muito conceituada na área, a Fotoptica. Cedo se apaixonou pelos cinejornais e documentários.

Em 1964, quando o Brasil começava a viver sob a ditatura militar, Farkas enviava realizadores para a periferia da cidade do Rio de Janeiro e para a região Nordeste do País, em busca de imagens que divulgassem o "Brasil Verdade". Essa aventura ajudaria a consagrar muitos documentaristas, entre os quais estão Geraldo Sarno (Viramundo), Maurice Capovilla (Subterrâneos do Futebol) e Paulo Gil Soares (Memórias do Cangaço). Um pouco mais tarde, novos documentaristas foram incentivados por Farkas, como Sérgio Muniz (Rastejador), Guido Araújo (Feira da Banana) e Eduardo Escorel (Visão do Juazeiro).
Paixão pela fotografia

A sua chamada "Caravana Farkas", realizando documentários produzidos entre 1960 e 1970, ajudou a redescobrir o Brasil através do cinema.

Durante a década de 40 do século passado, Farkas destacou-se como um dos mais talentosos integrantes do Foto Cine Clube Bandeirante, de São Paulo, SP. Sua primeira mostra individual aconteceu em 1948, no Museu de Arte de São Paulo, o MASP. A exposição fotográfica foi também a primeira a ser realizada num museu de arte do Brasil. Thomaz Farkas envolveu-se em diversas iniciativas didáticas.

Implanta o setor de cursos do MASP, com Geraldo Barros.

Foi professor da Escola de Comunicações e Artes da Universidade de São Paulo.

Tem papel primordial no fomento às atividades fotográficas no Brasil e escreve artigos para o jornal "Folha de S.Paulo", em meados dos anos sessenta.

Publica, ainda, a revista "Novidades Fotoptica", nos anos setenta; e cria a primeira galeria brasileira exclusivamente dedicada à fotografia, a Fotoptica, em 1979.

Entre suas obras destaca-se um ensaio sobre a construção da nova capital brasileira, Brasília, e a série produzida sobre o balé "Yara", com figurinos e cenários criados por Cândido Portinari.

O cineasta e documentarista Walter Lima Jr., um dos pioneiros dos programas "Globo Shell Especial" e "Globo Repórter", nunca deixou de reconhecer o talento de Thomaz Farkas: "Vejo-o como um daqueles viajantes estrangeiros que contribuíram para a história visual do Brasil. Como Thomas Ender, Rugendas e outros, o Farkas também chegou aqui com um olhar de fora, amou e viveu o país. Foi se especializando em Brasil".

Com Walter Lima Jr.

Fotógrafo, diretor de cinema documentário, produtor e fotógrafo de cinema, Farkas sempre foi um profissional de múltiplas atividades.

Em 1946 teve uma reportagem fotográfica publicada pela revista "Rio", da cidade do Rio de Janeiro. Em 1948, tornou-se membro da Comissão de Fotografia do MAM - Museu de Arte Moderna da cidade de São Paulo, Estado de São Paulo. Em 1950 projeta e instala o laboratório fotográfico do MASP - Museu de Arte de São Paulo.

Em 1951, projeta, organiza, planifica e instala câmaras escuras do laboratório fotográfico de física da "Escola Nacional de Engenharia" do Ministério de Educação e Saúde. Em 1954, projeta e instala o laboratório fotográfico do "Instituto de Eletrotécnica da Universidade de São Paulo, anexo à Escola Politécnica.

Imagem da célebre série sobre a construção de Brasília

Em 1957 Farkas torna-se membro da comissão julgadora do concurso "Retrato", promovido pelo Santos Cine Foto Clube, na cidade de Santos, litoral do Estado de São Paulo.


Bailarina ensaiando na UNE
(RJ, década de 40)

No mesmo ano e na mesma cidade, torna-se membro do júri de seleção e julgamento do "Terceiro Salão Internacional de Arte Fotográfica", patrocinado pela Prefeitura Municipal do município.

Ainda em 1957, projeta e instala o laboratório fotográfico do Instituto de Polícia Técnica de São Paulo.


"Farkas expõe na França sua visão de felicidade". O Estado de S.Paulo, SP, 04.07.2000

" Uma cidade, dois tempos". Correio Braziliense, Brasília,
20.04.2000

Em 1960, passa a produzir 33 filmes documentários de curta e média-metragem, além de 9 longas. Em 1962, transforma-se em assessor técnico do concurso "A Criança na Fotografia", integrante do "Segundo Salão da Criança". Em 1963 torna-se sócio-fundador do MAM/SP. Entre 1964 e 1965, publica vários artigos no jornal "Folha de S.Paulo".

Em 1967 passa a ser membro do conselho do Foto Cine Clube Bandeirante. Em 1970, Farkas projeta e coordena a instalação do laboratório e do arquivo fotográfico da ECA/USP.

Entre muito títulos, prêmios e homenagens, Farkas coleciona uma série imensa. Em 1950, venceu o "Primeiro Concurso Cinematográfico Nacional", realizado pelo Foto Cine Clube Bandeirante, de São Paulo, SP.

Um artista, dois tempos

Foi representante honorário do Brasil no "The Photographic Society of América", em três ocasiões: 1950/1951, 1953/1954 e 1963/1964. Em 1965, ganhou o "Prêmio Governador do Estado de São Paulo". No mesmo ano conquistou a "Gaivota de Ouro", do Festival Internacional do Filme do Rio de Janeiro. Em 1966 foi consagrado com a "Menzione Speciale", do "Festival di Popoli", em Florença, na Itália.

Thomaz Farkas.
SP: Edusp, 2002
(Artistas da USP, 11), 156 pág.
Thomaz Farkas, Fotógrafo.
SP: DBA Artes Gráficas e : Companhia Melhoramentos de São Paulo, 1997

Teve fotos na "Coleção Pirelli/Masp de Fotografia", de São Paulo, SP. Faz parte do Acervo Permanente do MoMA - Museu de Arte Moderna de Nova York, nos Estados Unidos. Expôs seus trabalhos fotográficos em várias mostras individuais em São Paulo, Estado de São Paulo, na cidade de Paris, na França, na cidade do Rio de Janeiro, no Estado do Rio de Janeiro e na cidade Salvador, Estado daBahia.

Integrou mostras fotográficas coletivas nas cidades de São Paulo, Estado de São Paulo; Curitiba, Estado do Paraná; Rio de Janeiro, Estado do Rio de Janeiro; Campinas, Estado de São Paulo; Belo Horizonte, Estado de Minas Gerais e São João da Boa Vista, no Estado de São Paulo.

Expôs na cidade de Wolfburg, na Alemanha, e na cidade do México, no México.

Farkas é autor do livro "Thomaz Farkas, fotógrafo", editado em 1997, quando o MASP - Museu de Arte de São Paulo organizou uma mostra retrospectiva de seu trabalho como fotógrafo e cineasta.

Entre os textos críticos que citam Farkas, um destaque está no de Rubens Fernandes Júnior que diz: "Thomaz Farkas procurou inicialmente no Foto Cine Clube Bandeirante uma possibilidade de expressão, mas aos poucos, foi encontrando seu caminho e produziu um consistente trabalho fotográfico.

Suas formas geométricas acentuadas, seus estranhos ângulos de visão, rompendo o silêncio das formas, sua visão estética instigante apontam para uma das experiências mais renovadoras da fotografia brasileira". Sérgio Sanz, por sua vez, após visitar a mostra "A Caravana Farkas documentário - 1964/1980), realizada no Centro Cultural Banco do Brasil, na cidade do Rio de Janeiro, Estado do Rio de Janeiro, escreveu: "Vasculho a memória e tento acertar o foco em busca de palavra ou imagem que defina a obra e a personalidade de Thomaz Farkas.

Assim de chofre, poderia reverenciá-lo como um dos mais importantes fotógrafos brasileiros, ou como um incansável produtor que viabilizou idéias e projetos de uma geração de cineastas, sem esquecer do editor de publicações sobre fotografia. Farkas é um pouco isso e muito mais, artista múltiplo, para ser contemplado sob várias angulações por ser ele um dos mais dinâmicos animadores da cena visual contemporânea brasileira.

LC Leite/AE

Dois clássicos do Cinema Cultural
Brasileiro produzidos por Farkas em 1965

Por suas lentes passaram belezas e realidadess do Sertão e do Recôncavo baiano, do samba carioca, e tantos outros temas onde o Brsil e sua gente estão vistos por inteiro. Farkas é um caçador de imagens dessa e de outras terras, aquelas que o olhar comum não alcança.

Límpidas, iluminadas e, às vezes, cruas, que fazem o espectador rever sua posição na poltrona do cinema ou na vida".

Na Escola de Comunicações e Artes da USP - Universidade de São Paulo, Thomaz Jorge Farkas ministrou os cursos de "Fotografia", "Fotojornalismo" e "Jornalismo Cinematográfico".

À esq., na ECA dos anos 80

Edição de Texto: Osmar Mendes Júnior
Edição de Arte: Marcelo Januário


Confira mostra virtual no "Portal do Jornalismo Brasileiro"
Confira as obras que integram a exposição "ArteJornalismo"