"Se nas aquarelas, Antonio Gomide ‘recompõe inventivamente os objetos na simultaneidade de planos bem articulados e obedientes a um inato sentido do movimento', nas suas obras datadas de 1923, os sintetiza e depura ainda mais". (2)

A profundidade atinge aqui um sentido mais claro. São heranças clássicas da construção do volume. Os planos são desdobrados ordenadamente. A luminosidade clara, em tons de verde, tanto em Paisagem com Barcos quanto em Ponte de Saint Michel, situa-se no centro da composição, iluminando-o e ordenando a profundidade no espaço bidimensional.

Os tons colorísticos utilizados por Gomide aqui nos remetem a Cézanne, quando este trabalhava na Montanha de Saint Victoire. Em muitas seções de pintura, ocres, marrons, laranjas, amarelos, verdes e azuis luminosos, alguns lilases compunham a paisagem pintada. Gomide parece se apropriar dessas tonalidades.

Enquanto que Paisagem com Barcos trata de um horizonte total, Ponte de Saint Michel aproxima nosso olhar para um detalhe. Nesse zoom , Gomide faz a fatura da obra se tornar mais "matérica", distanciando-se, também, dos aspectos decorativos dos trabalhos anteriores.

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