ANTONIO GOMIDE
BIOGRAFIA



Sem Título,
c.1925
(Cabeça de Cristo)
Óleo s/ tela, 35,5 x 27,5 cm

A sequência que vinha se anunciando interrompe-se aqui. Certos elementos pictóricos permanecem, mas a temática, a multiplicidade de planos criados e a movimentação da obra são deixados de lado para que Gomide trabalhe intensamente, através de temas religiosos, o desdobramento da técnica de afresco aprendida entre 1922 e 1923, quando o artista estudou no Institut Catholique e visitou conventos da região de Toulouse. (3)

Seu mestre na época, Marcel Lenoir, desenvolvia trabalhos com temáticas religiosas renascentistas. Gomide recebe essa influência e produz, até meados de 1930, obras com reflexos do seu estudo.

Os próximos trabalhos referem-se a esse momento do artista.
Cabeça de Cristo guarda alguns elementos de desenho desenvolvidos nas obras anteriores: as formas ainda são simplificadas; há um desdobramento das geometrizações cubistas, ou seja, a figura é construída em formas ovaladas e arredondadas.

A profundidade da obra reduz-se ao primeiro plano. Entretanto, o artista transforma a figura numa forma volumosa, lançando mão do chiaro-oscuro , técnica usada pelos pintores renascentistas que clareavam a cor com a tinta branca e escureciam-na com negro.

"Transparece aqui certa vinculação com as obras de Brecheret, nas quais se sente um caráter orgânico, em que diferentes elementos se mesclam, com predominância de secções de círculos. As formas geometrizadas reduzem-se aos limites essenciais do oval, do cilindro e dos círculos, tornando-se relações de 'ritmo, forma e luz, vinculando ambos os artistas ao Art Déco, ou com alguns aspectos da obra de Vicente do Rêgo Monteiro, como o despojamento e o alongamento da figura, a construção da composição por planos geométricos articulados, a forma distorcida e volumétrica criada a partir do jogo de luz e sombra, a que Aracy do Amaral denominou de 'falsa escultura' ".
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