III. QUADRO METODOLÓGICO

“Though this be madness, yet there is method in’t- Will you walk out of the air, my lord?“

Polonius

1 º MOVIMENTO

AQUECENDO O CORPO REFLEXIVO E O VER COM SINAIS VISUAIS E SENTIDOS ESTÉTICOS

Apresentação visual de elementos formais da linguagem artística.
Apresentação visual de movimentações dos elementos formais.

Apresentação visual das primeiras correlações entre os elementos formais.

VER

Linha e tensões entre formas
Luz na linha e na forma
Linha como “forma em ação” do espaço
Espaços
Espacialidades
Materiais, técnicas e faturas
Materialidades

2 º MOVIMENTO

SITUANDO A MOVIMENTAÇÃO FENOMENOLÓGICA NO
CONHECIMENTO VISUAL

Visão de movimentações e correlações entre os elementos formais da linguagem artística.

VER / PESQUISAR / DESENHAR

Há tensões entre os elementos “linha, luz e espaço”
Correlações visuais entre os elementos focalizados
Linha, luz e espaço são situados como fios condutores da visualidade
Interrogações visuais e tematizações
História da arte

3 º MOVIMENTO

CORRELACIONANDO SINAIS VISUAIS DO MUNDO E SENTIDOS DE EXPERIÊNCIAS COM A INTERROGAÇÃO VISUAL

VER / PESQUISAR

Contínuo visual, tematização e história da arte
Fazendo projeções: novas escolhas de obras

4 º MOVIMENTO
APROXIMAÇÃO DO FENÔMENO ESTÉTICO

VER / PESQUISAR / EXPRESSAR
“Escrevendo” o visível: leituras visuais

IV. EXERCÍCIOS DO OLHAR: GERALDO DE BARROS40

Fenômeno estético situado: “O desenho estruturando o espaço da pintura”


Fig. 1

Fig. 2

Fig. 3

Fig. 4

Fig. 5

Fig. 1
Sem título, 1947, nanquim s/ papel, 32,3 x 18,5 cm

Esse desenho de Geraldo de Barros mostra-se nos gestos rápidos de muitas movimentações, nas linhas de densidades e luzes diferentes que esboçam, também, a expressividade da figura humana. O temaé desenvolvido através de um eixo central que se desenrola ao longo do tronco, marcando um ângulo nos pés da figura cortado por uma linha horizontal, sugerindo a única profundidade deste desenho. As diagonais que se desprendem do emaranhado de linhas, na região do rosto, dando movimento aos braços, enfatizam tanto o equilíbrio vertical da figura, quanto criam sua instabilidade visual.

Fig. 2
Sem título, 1947, nanquim s/ papel, 27,8 x 21,0 cm

Linhas orgânicas e contínuas desprendem-se do desenho anterior e se agregam a uma figura feminina, em traços mais sintéticos, com toques mais curtos e ritmados. Movimentações
e variações de suas densidades e luzes modificam a natureza do desenho. O início de um movimento é sugerido na figura anterior. Agora, temos o repouso. O braço em apoio e o ângulo do quadril com as pernas situam a figura feminina e introduzem uma nova espacialidade. A figura anterior mostra apenas o espaço no qual está situada. Este desenho envolve a figura numa espacialidade maior.

Fig. 3
Sem título, 1948, nanquim s/ papel, 27,0 x 20,6 cm

O mesmo tema, a figura feminina, encontra aqui o mesmo repouso. Um modo mais sintético de tratar as linhas , com novas descontinuidades, pontos que marcam pausas do nanquim sobre o papel e a falta de preocupação em delinear proporções; o braço direito, atrofiado, o braço esquerdo apoiado sobre a poltrona; o rosto de perfil, com três olhos, dois narizes e duas bocas; enfim, todos os elementos do desenho apresentam a figura dentro de uma sala e o espaço criado em torno da figura anterior vira um esquema: com linhas de fuga, o artista antecipa a figura para o primeiro plano. Profundidade clássica revista. Entretanto, as linhas perdem densidades e luzes, ganham movimentos e variações e sugerem novo estilo: traçados cubistas.

Fig. 4
Sem título, 1948, nanquim e grafite s/ papel, 15,3 x 18,0 cm

As figuras se diluem no espaço através de novas materialidades: o nanquim desmancha-se no grafite. A construção da profundidade volta a ser sugestão de espaço. Dos elementos
anteriores, encontramos muitos vestígios: linhas de densidades, luzes e movimentos diversos; pontos transformam-se em pequenas massas; suas continuidades e organicidades, também,
transformam-se.
Sobrepõe-se uma tensão nervosa nos traçados, anteriormente, não vista. Linhas interrompem-se, bruscamente, viram outros traçados, viram massas e esfumaçam-se.
A profundidade do desenho muda: envoltas na nova luminosidade, definidas por outras ligações, as figuras deflagram uma espacialidade em diagonal.

Fig. 5
Sem título, 1947, nanquim s/ papel, 20,5 x 21,6 cm

A cena nos remete ao desenho anterior. Novamente duas pessoas sentadas à mesa. Os espaços criados aqui mostram-se como uma síntese desse percurso visual: os vazios, a forma que emoldura as figuras, as luminosidades negras, as linhas densas, a elipse da mesa definem os primeiro, segundo e terceiro planos.
Essa profundidade não repete correlações já expressadas. O nanquim, material desse desenho, opõe-se ao branco do suporte e, sem nenhuma gradação de cinzas, introduz a vibração dos dois tons. Algumas expansões e geometrizações de formas contrastantes sugerem a futura linguagem construtiva de Geraldo de Barros.

Bibliografia

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